CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO
SENSU EM NÍVEL DE ESPECIALIZAÇÃO “LEGISLATIVO E DEMOCRACIA NO BRASIL” – 3 TURMA
DA ESCOLA DO PARLAMENTO DA CÂMARA MUNICIPAL DE SÃO PAULO
ESTUDO DE CASO - MÉTRICAS
PARA O PRESIDENCIALISMO MULTIPARTIDÁRIO.
CARLOS PEREIRA, FREDERICO BERTHOLINI E SAMUEL PESSOA – FOLHA DE SÃO PAULO
09.10.2016.
ANA PAULA RAMOS GALVÃO
LAERCIO RODRIGUES DIAS DE OLIVEIRA
MÔNICA S. FARIA SILVA
SIDINEIA MARIA DA SILVA CAMPOS
São Paulo
2017
“O que seria a normalidade quando se governa em coalizão, especialmente
em presidencialismos multipartidários? ”. Que parâmetros são apontados para uma
gestão eficaz do presidencialismo de coalizão no Brasil? E como os autores
analisam a crise política instaurada após a eleição presidencial de 2014?
Segundo os autores do artigo em questão, o normal
quando se governa em coalizão em presidencialismo multipartidário é ter aliados
que minimamente partilhem princípios comuns e compartilhem proporcionalmente
poder e recursos, levando-se em consideração o peso político de cada parceiro
no Legislativo. Dessa forma é esperado um maior sucesso do Executivo no
Congresso. Posto isto, são definidas métricas para avaliar a governabilidade em
seus termos normais, que são: custo do governo, media de partidos efetivos no
congresso e a distância ideológica (esquerda-direita) relacionada com a posição
política do chefe do executivo e a mediana do Congresso.
As razões da crise residem no
custo organizacional na gestão da coalizão, o que coloca um limite na
eficiência de coalizões formadas com partidos de base heterogêneos,
contrariamente a tendência institucional e política de fragmentação partidária,
o que conferiu particularidade ao governo petista, e segundo o autor, motor da
crise.
Os parâmetros utilizados foram
indicadores comparativos entre os governos FHC, Lula, Dilma e Temer, onde
avaliam as alterações que ocorrem na gestão política, e observam a evolução de
alguns indicadores como: o indicador de heterogeneidade ideológica da coalizão,
que mede o grau de incongruência de preferências entre membros da coalizão
presidencial por meio de pesquisas com os próprios legisladores. Outra métrica
citada no texto é o índice de coalescência do gabinete, que mensura o quão
proporcional é a cota de ministérios dos partidos pertencentes à coalizão presidencial
relativamente ao número de cadeiras ocupadas por cada um dos partidos parceiros
na aliança. O índice marca 100 se houver proporcionalidade perfeita entre à
distribuição de ministérios e o peso de cada partido na base, e zero no caso
oposto. E também cita o Índice de Custo do Governo (ICG), criado por Pereira e
Bertholini, que contabiliza as seguintes variáveis: tamanho do governo, medido
pelo número de ministérios; valor em reais das emendas executadas de autoria
dos parlamentares pertencentes aos partidos da coalizão; e gastos totais dos
ministérios alocados a legendas aliadas. Quanto mais próximo ideologicamente do
presidente for um partido, mais atraente será para o presidente conceder-lhes
cargos de poder, que serão utilizados para executar políticas que provavelmente
serão mais próximas de suas próprias preferências. Mas, entregar ministérios a
partidos ou grupos políticos mais distantes de suas ideologias e posições
políticas carrega para o presidente um risco maior, o que pode leva-lo a
preferir usar as transferências monetárias para os partidos mais distantes.
Não obstante, o texto cita, muito superficialmente,
como um dos diagnósticos da crise, a permeabilidade dos agentes políticos e dos
partidos aos interesses privados, principalmente aqueles manifestos em financiamentos
eleitorais; de forma que, o argumento não desenvolvido subjuga a hipótese de
uma coalizão êxodo partidária, isto é, um contra influencia que estabilize as
relações e conflitos multipartidários, um exemplo: a política econômica
heterodoxa de financiamento seletivo, desenvolvida no governo petista, por intermédio
principalmente do BNDES.
Na análise dos autores os
diagnósticos que levaram a profunda crise política da reeleição do governo
Dilma em 2014 foi: o crescimento contínuo da fragmentação partidária que
inviabilizou a governabilidade, medidas do STF que restringiram a migração
partidária.
Também esses conflitos ocorrem
quando a associação entre partidos pode se fazer desconsiderando incompatibilidade
programáticas, interesses substantivamente divergentes quanto ao conteúdo das
políticas a perseguir pela coalizão. Como o interlocutor para a formação da
coalizão é o presidente da república, ele está sempre no epicentro de qualquer
conflito ou crise, fazendo com que a agudização das divergências entre facções
fragilize o próprio personagem que supostamente teria um papel moderador. Quando
a montagem da coalizão se faz em bases clientelistas de distribuição de cargos
e benesses governamentais, as demandas por esse tipo de benefício podem superar
a capacidade ou a disposição do presidente de concede-los e assim podemos
observar uma grande crise institucional envolvendo graves conflitos entre o
Executivo e o Legislativo sem a possibilidade de conciliação ordenada, ou seja
com renúncias, golpes e impeachments presidenciais.
Conclusão
A organização institucional do Brasil, em que se
combinam presidencialismo, federalismo, bicameralismo, multipartidarismo e
representação proporcional, dificulta a formação de maiorias parlamentares que
permitam ao presidente eleito aprovar projetos que viabilizem o seu programa de
governo. Para isso o presidente é obrigado a formar maiorias nas duas Casa
Legislativas.
O bom funcionamento desse sistema, conhecido como
presidencialismo de coalizão, tem como uma de suas premissas básicas que a
maioria parlamentar seja permanente, para que isso ocorra, os deputados dos
partidos da base devem votar unidos, em apoio às propostas do governo.
Entre os poderes do líder esta suas prerrogativas regimentais, das
quais , a indicação de parlamentares para comissões, relatorias e para
concorrer a cargos nas Mesas e nas Comissões.
Os líderes partidários, principalmente da coalizão
majoritária, exercem um papel fundamental na condução dos trabalhos
legislativos.
Para que o presidencialismo de coalizão possa funcionar
satisfatoriamente em todos os governos, o líder de governo é de grande
importância para que a relação
Executivo-Legislativo adquira um movimento estável, cooperativo, funcional,
como gerente estratégico desta coalizão
e da agenda legislativa do executivo, o líder do governo monitora os diferentes
níveis de prioridade tomados pelo tipo
de proposição escolhida pelo Executivo. O encaminhamento de votação feito pelo
líder do governo no plenário é normalmente o ponto máximo de uma série de
incumbências no interior de parlamento, com o objetivo de um posicionamento
sobre os assuntos que os parlamentares devem decidir. Quanto mais polêmico
/importante o projeto, mais complicado o processo decisório.
Para que o líder do governo desempenhe o seu papel, a
estrutura e a organização de sua liderança têm significativa importância ,pois
tem que ser capaz de articular com seus pares , de forma que se abram novos
caminhos um dialogo o mais análogo possível.
Em suma para que o presidente da República, possa
realizar sua agenda e necessário que ainda nos primeiros meses de seu mandato,
busque o apoio de que precisa nos partidos políticos que mostram interesse em
participar do governo. E em contrapartida, faz uma distribuição de cargos do
Executivo entre os partidos da base aliada e procura conquistar pontos-chave no
Congresso que o ajudem a aprovar a agenda acertada com os partidos da base,
pois sem isso fica praticamente a governabilidade.
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